Impactos Globais e Instabilidades reduzem movimentação no Porto de Roterdã no início de 2025


O Porto de Roterdã registrou uma queda de 5,8% na movimentação de cargas no primeiro trimestre de 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Foram movimentados 103,7 milhões de toneladas, contra 110,1 milhões no primeiro trimestre de 2024. A retração foi puxada principalmente pela redução no volume de petróleo bruto, derivados de petróleo, minério de ferro e carvão. Em contrapartida, houve crescimento na movimentação de granéis agrícolas, outros granéis sólidos e contêineres.  

Apesar da expectativa de impacto, as tarifas de importação aplicadas pelos Estados Unidos a produtos europeus ainda não influenciaram os resultados deste trimestre.

Boudewijn Siemons, CEO da Autoridade Portuária de Roterdã, comentou:  

“Os primeiros meses de 2025 foram marcados por forte volatilidade no comércio global, impulsionada pelas ameaças de tarifas de importação nos Estados Unidos e pelos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio. Essa instabilidade gera incertezas que impactam o comércio, os investimentos e, consequentemente, os volumes de movimentação. Em tempos como este, é fundamental que, junto aos governos nacional e europeu, o Porto de Roterdã siga fortalecendo um ambiente competitivo para novos investimentos.”

Maasvlakte 2 com o Parque de Conversão e o Portlantis ao fundo Foto: Martens Multimedia

Granéis sólidos

A movimentação de granéis sólidos caiu 8,6% em relação ao primeiro trimestre de 2024. A principal razão foi a redução de 28,1% no volume de minério de ferro e sucata, o que representa 2 milhões de toneladas a menos, reflexo da baixa produção na indústria siderúrgica.  

O volume de carvão movimentado também apresentou queda de 17,3%, totalizando 4,5 milhões de toneladas, consolidando a tendência de declínio do uso do carvão na geração de energia.

Por outro lado, o volume de granéis agrícolas cresceu 22,7%, assim como o de outros granéis sólidos, que avançaram 44,1% — resultado, sobretudo, da entrada em operação de um novo terminal de granéis sólidos em Roterdã.

Granéis líquidos

A movimentação de granéis líquidos recuou 8,8%, somando 48 milhões de toneladas. O recuo de 4,6 milhões de toneladas deve-se à menor demanda por petróleo bruto, derivados e outros líquidos. Refinarias no noroeste da Europa, enfrentando margens de refino reduzidas, reduziram suas compras de petróleo bruto em cerca de 1,1 milhão de toneladas (totalizando 24,7 milhões de toneladas).  

Contêineres e carga geral

A movimentação de contêineres em unidades TEU (Twenty-foot Equivalent Unit – Container de 20”) cresceu 2,2%, atingindo 3,3 milhões de TEUs no primeiro trimestre. No entanto, em peso, houve uma ligeira queda de 1,1%. A diferença ocorre porque houve uma redução de 8,1% na exportação de contêineres cheios, que costumam ser mais pesados. A retração está ligada à fraqueza da indústria europeia e à diminuição das operações de transbordo em Roterdã.

Problemas operacionais, como mau tempo em janeiro e dificuldades no terminal HPD2, impactaram negativamente a produtividade. Contudo, a situação melhorou ao longo do trimestre, com março registrando desempenho superior aos meses anteriores.

O volume na rota transatlântica caiu 23,1%, reflexo da transferência de dois serviços para outros portos devido à capacidade limitada dos terminais de Roterdã. Em contrapartida, o tráfego vindo da Ásia aumentou 8,4%, impulsionado pela maior importação de produtos de consumo.

Carga geral fracionada e RoRo

A movimentação total de carga geral aumentou 0,6%, atingindo 7,8 milhões de toneladas.  

O volume de cargas RoRo (Roll-on/Roll-off) caiu 1,8%, somando 6,2 milhões de toneladas, prejudicado pela forte concorrência do transporte rodoviário, em razão das tarifas baixas e do fraco crescimento econômico do Reino Unido.  

Por outro lado, a carga geral fracionada subiu 11,2%, totalizando 1,6 milhão de toneladas, impulsionada, principalmente, pelo transporte de estacas tubulares para o projeto Porthos

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