A indústria marítima opera em uma escala de superlativos. Com o crescimento contínuo da dimensão dos navios, surgem desafios relacionados à necessidade de mais espaço para manobras, operações de carga, descarga e armazenamento. A eficiência dos acessos, tanto aquaviários quanto terrestres, é um ponto-chave para o sucesso operacional. Na última semana, duas ocorrências reforçaram a urgência de investimentos estratégicos e estudos aprofundados sobre infraestrutura e acessos ao Porto de Santos.

Na quarta-feira, 12 de março, um navio da Transpetro, com 249 metros de comprimento, colidiu com o cais da Marinha no canal do porto. O impacto danificou o casco da embarcação e atingiu três embarcações militares, ferindo levemente um oficial. Apesar do acidente não ter causado vazamento de combustível, os reparos só poderão ser realizados fora do porto, uma vez que Santos não possui dique seco para atender grandes embarcações, gerando custos adicionais e impactos operacionais.

Na quinta-feira, 13 de março, um caminhão que transportava contêineres derrubou uma passarela de pedestres na Rodovia Anchieta, em Cubatão. O incidente paralisou a rodovia por mais de 12 horas, afetando passageiros e operações logísticas. Apesar do caos, a Autoridade Portuária de Santos (APS) afirmou que as operações portuárias não foram prejudicadas e suspendeu multas para transportadoras e caminhoneiros.

Esses episódios demonstram que o planejamento portuário precisa ir além da expansão de terminais e considerar o impacto nas regiões que abrigam as infraestruturas. Portos ao redor do mundo estão se afastando das cidades, garantindo fluxo eficiente de cargas sem comprometer o bem-estar urbano e melhorando a eficiência operacional com infraestrutura integrada rodoviária, ferroviária e hidroviária.

Sem investimentos estruturais e visão estratégica de longo prazo, Santos corre o risco de perder competitividade frente a portos modernos e bem planejados. A manutenção de modelos que podem se tornar obsoletos coloca em risco a posição estratégica do porto no comércio global e impacta diretamente o desenvolvimento econômico da região.